sábado, 8 de janeiro de 2011

Liszt Estudos Transcendentais



Bem, hoje gostaria de postar um YouTube sem vídeo, apenas com áudio, onde Claudio Arrau interpreta o estudo nº 11 "Harmonie du Soir" para mim um dos mais belos dos "12 Études". A versão histórica de 1963 que o pianista russo Lasar Berman fez é realmente excelente. Porém ainda considero a versão do Arrau mais densa, mais intensa, "mais musical" A do Berman é mais agressiva. Talvez porque o Berman há época da gravação era um homem de trinta e poucos anos, imprimindo todo o vigor da juventude na obra. Já o Arrau tinha quase 70 anos quando fez a gravação. Isso, aliás, em interpretação pianística faz uma diferença enorme. Vejam aqui a diferença de interpretação da mesma obra por um pianista da atualidade em apresentação ao vivo.


Primeiramente com Claudio Arrau (gravado em estúdio)


Lazar Berman




 Berezovsky (gravado ao vivo)









quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Franz Liszt

Franz Liszt (1811 - 1886)
Sobre este compositor do século XIX existe muito o que falar.
2011 é o ano do bicentenário de nascimento e espera-se que a memória dele seja devidamente comemorada.
Considerado um dos maiores pianistas de todos os tempos elevou este instrumento a níveis nunca vistos. Homem que alcançou longevidade para sua época reverenciou Beethoven, para quem havia tocado quando jovem e a quem dedicou uma estátua em Bonn paga do próprio bolso.
Liszt tem um vasto repertorio, mas poucas obras são de fato conhecidas. Foi graças a pianistas como Alfred Brendel, que Liszt passou a figurar como compositor sério. Brendel, ao contrario da maioria, insistiu no fato de que Liszt tem, sim um valor maior como compositor, do que muitos afirmam. Diz se que ele tem obras com pouco conteudo e que são sempre na sua maioria "pirotecnia pianistica". Claro, com sua extrema habilidade ao piano, criou obras tecnicamente tão dificeis, que mesmo os grandes pianistas relutavam em toca-las em publico. Exemplo: "Os 12 Estudos de Execução Transcendental"; obra de tamanha dificuldade técnica, que o grande Claudio Arrau dizia ser impossível tocar estes Estudos em publico. Arrau fez nos anos 70 uma gravação muito boa destes estudos. Evgeny Kissin, um dos mais talentosos pianistas da atualidade já executou ao vivo alguns destes estudos. Mas de fato é raro alguem se aventurar a tocar ao vivo um destes estudos.
Quando se fala em Liszt, então lembramos das famosas Rapsódias Húngaras (Vejam outro Post meu neste Blog). As mais conhecidas (como a de Nº 2) são realmente famosas e ficaram na historia do piano no seculo 20 graças a pianistas como Horowitz e Cziffra, que além de tocarem com extremo virtuosismo, muitas vezes ainda modificaram a partitura tornado a obra ainda mais difícil. Existem, porem algumas destas Rapsódias, pouco conhecidas que são peças preciosas e que pouco tem de virtuosista, mas sim, necessitam de uma interpretação densa e comprometida com o conteúdo dramático da obra. Ouçam exemplo no final desta pagina

Uma das grandes obras de Liszt é Vallee d'Oberman.
Faz parte da série Années de Pèlerinage (Anos de peregrinação), conjunto de Suites para piano solo, composto de 3 cadernos (Suíça 1° ano, Itália 2° ano e 3° ano). Neles podemos perceber o completo estilo musical do compositor, que englobam obras com grande apelo virtuosista à simples exemplos de pura emoção e devaneio. O 1° caderno - Suíça - do qual Vallé d'Obermann é a 6ª obra, são músicas pitorescamente evocativa das lendas suíças, da corrente alpina, das tempestades e dos sinos da própria Genebra.
Como Liszt escreveu em seu prefácio à 1ª Edição:
"A medida que a música instrumental progride, se desenvolve, se liberta das primeiras plumas, tende a tornar-se cada vez mais imbuída daquele idealismo que marcou a perfeição nas artes plásticas, a tornar-se não apenas uma simples combinação dos sons, mas uma linguagem poética, talvez mais adequada do que a própria poesia para expressar tudo que dentro de nós ultrapassa o horizonte habitual, tudo que foge à analise, tudo que se volta para as profundezas inacessíveis, os recônditos imperecíveis, os pressentimentos infinitos."






Rapsódia Húngara N° 3 - Roberto Szidon